Sou Assim

Sou Assim
Geralmente, sou assim. Delicada e cuidadosa. Olho onde piso, morro de medo de magoar alguém...

De repente,

De repente,
fico assim. Tanta sutileza me comove.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

AGUARDEM-ME


Hoje, sou gauche na vida. Mas poderosa, já fui. Intelectual de vanguarda, admirada e temida pelos gênios da ciência, das artes, literatura. Ávida pelo saber, dissertava qualquer tema. Entregava-me à letras voraz e ardentemente.

Respeitavam-me, eu me alegrava.

Os homens, todos os homens, invejavam a minha força e procuravam-me sôfregos, na insana necessidade de me ver estonteada, arfante, quase morrendo. Mas, nos últimos momentos, capaz de citar filósofos e gemer em poesias. Não importa em que idioma.

Em cada morte, eu nascia. Mais altiva e exigente. Geração após geração, eu criei meus descendentes, ensinando a cada um a arte de amar palavras e de se fartar com elas.

Rodei todos os salões, palácios, bibliotecas. Dissertava qualquer tema. Eu destruía sofismas e arrasava pensadores. Minava ideologias desde as primícias básicas.

Tive um lado savoir vivre. Deleitei-me em estranhos livros que dissecavam receitas das mais nobres iguarias. Embebedei-me em outros, que decantavam os vinhos destinados aos potentados.

Também fui avant la lettre. Conheci a importância dos saberes do Oriente, séculos e séculos antes do que pôde o Ocidente entendê-los e alcançá-los.

De repente, eu acabei. Assim como acabam os gênios, os loucos, os malfadados.

Surgiu um poder mais forte. Desprezaram-me, esqueceram-me e fui alvo de escárnios.

A tudo assisto calada, com triste sorriso irônico, pois ao meu substituto falta graça, elegância, exigência, sutileza. É um poder traiçoeiro, mas indigente de idéias. Grosseiro e indelicado, faz-se indiferente à graça de aproveitar as delícias que antecedem o gozo de conhecer e matar.

Ele é o vírus.
Eu, a traça.
Ele apaga o virtual.
Eu desfaço cada letra, devorando o real.
Ele é tolo; eu, esperta.
Ele apenas cumpre ordens, eu invento meus caminhos.

Assisto-o trabalhar na ignorância cega dos quem agem sem pensar.

Não durará muito tempo. Quem guarda o conhecimento acumulado há milênios são minhas sábias entranhas. Retornarei desta morte bem mais exigente e ávida.

Aguardem-me. Começarei digerindo os manuais de instruções que ensinam aos usuários a disseminar os vírus. Depois, voltarei ao trono, onde reinarei em paz.

Eu, a traça, sou voraz. Tenho a força dos amantes que nenhum tempo derrota.

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O incrível geneticista chinês (Editora Record)

Um cientista chinês, o biólogo Yuan Wang, descobre que, manipulando cromossomos, pode modificar os genes responsáveis pela obesidade e pela chatice humana.

Estará o mundo preparado para tão grande transformação?

Só dr. Wang pode responder.

LEIA "O incrível geneticista chinês".

Quem quiser saber detalhes, consulte o site:

http/:sobrecapaliteral.com.br/lancamentos

































































































































A Tecelã de sonhos

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Editora Record. É o meu preferido. Mas não por ser o caçula. Acho que acertei a mão criando a Berenice séria, doida, liberdade. Além de representar uma época (os anos 1960/1970), Berenice simboliza todos nós. Quem, um dia, não se viu dividido, sem entender direito quem era?

Todos os dias da semana

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Editora Bertrand. Um conto para cada dia da semana. Meus preferidos são: Segunda-feira e os doces de dona Adália da Conceição. Quarta e o ciúme doentio de um comandante da aviação civil. Não é que o homem surta, imaginando a esposa nos braços do amante, justo na hora de pousar um grande jato, repleto de passageiros, no aeroporto de Buenos Aires? Também, a Torre de Controle não ajudou. Portenho sempre dá um jeito de implicar com brasileiro. Também gosto de Sexta-feira e as venturas e desventuras de Gertrudes Cascatinha. Tantas ela apronta, que acaba tendo um filho com Santo Antônio. Qualquer hora, estes contos viram filmes...

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Editora Record. O jornal O Globo, Rio de Janeiro, considerou o meu "português..." um dos dez melhores livros do ano 2000. O livro é mesmo ótimo. Também existe a edição portuguesa, da Civilização, cidade do Porto. Em novembro de 2009, a Editora Record lançou uma edição revista, ampliada e com uma capa linda.

Livro do apocalipse segundo uma testemunha

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Editora Objetiva. AMO o meu apocalipse. Dei boas gargalhadas enquanto o escrevia. O livro é meio surreal, mas qual apocalipse não é?

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A Editora Record vai reedita-lo. "Santa Sofia" é muito lindo. Adoro a Sofia. Fazendeira rica, feia, má, generosa, humana. Uma das minhas melhores personagens

Mil anos menos cinqüenta

Mil anos menos cinqüenta
Prova de capa da edição espanhola (Ediciones Siruela) de meu primeiro livro. "Mil anos..." foi lançado no Brasil em 1995, pela Editora Imago. Que pena, está esgotado...