
Hoje, sou gauche na vida. Mas poderosa, já fui. Intelectual de vanguarda, admirada e temida pelos gênios da ciência, das artes, literatura. Ávida pelo saber, dissertava qualquer tema. Entregava-me à letras voraz e ardentemente.
Respeitavam-me, eu me alegrava.
Os homens, todos os homens, invejavam a minha força e procuravam-me sôfregos, na insana necessidade de me ver estonteada, arfante, quase morrendo. Mas, nos últimos momentos, capaz de citar filósofos e gemer em poesias. Não importa em que idioma.
Em cada morte, eu nascia. Mais altiva e exigente. Geração após geração, eu criei meus descendentes, ensinando a cada um a arte de amar palavras e de se fartar com elas.
Rodei todos os salões, palácios, bibliotecas. Dissertava qualquer tema. Eu destruía sofismas e arrasava pensadores. Minava ideologias desde as primícias básicas.
Tive um lado savoir vivre. Deleitei-me em estranhos livros que dissecavam receitas das mais nobres iguarias. Embebedei-me em outros, que decantavam os vinhos destinados aos potentados.
Também fui avant la lettre. Conheci a importância dos saberes do Oriente, séculos e séculos antes do que pôde o Ocidente entendê-los e alcançá-los.
De repente, eu acabei. Assim como acabam os gênios, os loucos, os malfadados.
Surgiu um poder mais forte. Desprezaram-me, esqueceram-me e fui alvo de escárnios.
A tudo assisto calada, com triste sorriso irônico, pois ao meu substituto falta graça, elegância, exigência, sutileza. É um poder traiçoeiro, mas indigente de idéias. Grosseiro e indelicado, faz-se indiferente à graça de aproveitar as delícias que antecedem o gozo de conhecer e matar.
Ele é o vírus.
Eu, a traça.
Ele apaga o virtual.
Eu desfaço cada letra, devorando o real.
Respeitavam-me, eu me alegrava.
Os homens, todos os homens, invejavam a minha força e procuravam-me sôfregos, na insana necessidade de me ver estonteada, arfante, quase morrendo. Mas, nos últimos momentos, capaz de citar filósofos e gemer em poesias. Não importa em que idioma.
Em cada morte, eu nascia. Mais altiva e exigente. Geração após geração, eu criei meus descendentes, ensinando a cada um a arte de amar palavras e de se fartar com elas.
Rodei todos os salões, palácios, bibliotecas. Dissertava qualquer tema. Eu destruía sofismas e arrasava pensadores. Minava ideologias desde as primícias básicas.
Tive um lado savoir vivre. Deleitei-me em estranhos livros que dissecavam receitas das mais nobres iguarias. Embebedei-me em outros, que decantavam os vinhos destinados aos potentados.
Também fui avant la lettre. Conheci a importância dos saberes do Oriente, séculos e séculos antes do que pôde o Ocidente entendê-los e alcançá-los.
De repente, eu acabei. Assim como acabam os gênios, os loucos, os malfadados.
Surgiu um poder mais forte. Desprezaram-me, esqueceram-me e fui alvo de escárnios.
A tudo assisto calada, com triste sorriso irônico, pois ao meu substituto falta graça, elegância, exigência, sutileza. É um poder traiçoeiro, mas indigente de idéias. Grosseiro e indelicado, faz-se indiferente à graça de aproveitar as delícias que antecedem o gozo de conhecer e matar.
Ele é o vírus.
Eu, a traça.
Ele apaga o virtual.
Eu desfaço cada letra, devorando o real.
Ele é tolo; eu, esperta.
Ele apenas cumpre ordens, eu invento meus caminhos.
Assisto-o trabalhar na ignorância cega dos quem agem sem pensar.
Não durará muito tempo. Quem guarda o conhecimento acumulado há milênios são minhas sábias entranhas. Retornarei desta morte bem mais exigente e ávida.
Aguardem-me. Começarei digerindo os manuais de instruções que ensinam aos usuários a disseminar os vírus. Depois, voltarei ao trono, onde reinarei em paz.
Eu, a traça, sou voraz. Tenho a força dos amantes que nenhum tempo derrota.
Ele apenas cumpre ordens, eu invento meus caminhos.
Assisto-o trabalhar na ignorância cega dos quem agem sem pensar.
Não durará muito tempo. Quem guarda o conhecimento acumulado há milênios são minhas sábias entranhas. Retornarei desta morte bem mais exigente e ávida.
Aguardem-me. Começarei digerindo os manuais de instruções que ensinam aos usuários a disseminar os vírus. Depois, voltarei ao trono, onde reinarei em paz.
Eu, a traça, sou voraz. Tenho a força dos amantes que nenhum tempo derrota.
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